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Human Risk

Cibercrime custa mais de R$ 60 bilhões globalmente; vazamentos seguem alta

Com os atacantes usando inteligência artificial e automatizando suas investidas, torna-se mais desafiador manter as suas infraestruturas devidamente protegidas.

Ramon de Souza

Ramon de Souza

(ISC)² Certified in Cybersecurity | Journalist | Author | Speaker

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O aumento do cibercrime tem sido uma das principais ameaças para empresas e indivíduos ao redor do mundo, gerando custos financeiros bilionários e expondo vulnerabilidades em infraestruturas digitais. Em um cenário de crescente digitalização e conectividade, os riscos associados a ataques cibernéticos, como ransomware, phishing e vazamentos de dados, têm crescido exponencialmente, com um impacto direto na economia global.

Especialistas estimam que o custo total do cibercrime no mundo já ultrapassa a casa dos R$ 60 bilhões anuais, com previsões de crescimento contínuo. Em países como Alemanha, os prejuízos já ultrapassaram a marca dos € 10 bilhões, e as estimativas indicam que esse valor deve aumentar devido à sofisticação crescente dos ataques e à dependência tecnológica cada vez maior das empresas e dos governos.

Este panorama global reforça a urgência de medidas de segurança cibernética mais robustas e de políticas governamentais que regulamentem e incentivem as melhores práticas de segurança digital.

No entanto, mesmo com o investimento em tecnologias e sistemas de defesa, muitas organizações enfrentam dificuldades em acompanhar o ritmo das ameaças, que se tornam mais elaboradas e complexas a cada dia. O uso de inteligência artificial, automação e técnicas de engenharia social pelos cibercriminosos amplia o alcance dos ataques e dificulta as estratégias de defesa.

Panorama global: custos e ameaças crescentes

No âmbito global, o custo médio de uma violação de dados foi estimado em US$ 4,88 milhões, segundo o relatório de Cost of a Data Breach 2024 da IBM. Esse valor abrange uma série de despesas, como os custos de recuperação e investigação, a perda de receita durante o período de inatividade, e a diminuição na confiança dos consumidores.

Dependendo da indústria e do tipo de dados vazados, esses custos podem ser ainda maiores. Setores como o financeiro, de saúde e de tecnologia são especialmente afetados, dado que lidam com grandes volumes de informações sensíveis e valiosas. Assim, além dos danos diretos causados pelas violações, empresas dessas áreas também enfrentam prejuízos com multas regulatórias, perda de reputação e exigências legais.

 Um exemplo da crescente magnitude dos ataques é o aumento dos incidentes de ransomware, que afetam desde pequenas empresas até grandes corporações e serviços governamentais. Esses ataques, em que os criminosos “sequestram” dados e exigem pagamento de resgates para liberar o acesso, tornaram-se uma das principais ameaças.

Casos notórios incluem grandes interrupções de serviços essenciais, como redes de energia, hospitais e órgãos públicos, o que demonstra o potencial disruptivo do cibercrime para além do impacto financeiro direto.

Aumento na sofisticação dos ataques e inovações no cibercrime

A sofisticação das técnicas de ataque tem evoluído de forma acelerada, acompanhando as inovações tecnológicas. Hoje, cibercriminosos fazem uso de inteligência artificial e aprendizado de máquina para criar malware que se adapta a diferentes sistemas de segurança e explora vulnerabilidades específicas em tempo real.

Além disso, muitos desses grupos criminosos operam como verdadeiras empresas, com equipes dedicadas à pesquisa, desenvolvimento de novas táticas e até mesmo suporte ao cliente, transformando o cibercrime em um mercado paralelo com altos lucros e com cada vez menos barreiras.

Nesse contexto, organizações de todos os portes precisam adotar uma postura proativa e multidimensional em relação à segurança cibernética. Investimentos em tecnologias como criptografia avançada, monitoramento de redes e simulação de ataques têm se mostrado eficazes para reduzir a exposição a riscos, mas esses recursos ainda não são amplamente acessíveis para pequenas e médias empresas, o que as torna alvos fáceis.

O cenário brasileiro: crescimento alarmante nos custos

No Brasil, a situação é igualmente preocupante e reflete o cenário global de aumento nos custos e na frequência dos ataques cibernéticos. De acordo com dados recentes, o custo médio de um vazamento de dados no país é estimado em R$ 6,75 milhões por incidente, valor que destaca a magnitude das perdas financeiras e operacionais enfrentadas por empresas nacionais.

Esse aumento se relaciona tanto à complexidade dos ataques quanto às exigências da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que impõe sanções para organizações que não garantem a segurança dos dados pessoais que manipulam.

Um levantamento realizado recentemente mostra que o custo com ciberataques no Brasil teve um crescimento de 115% nos últimos anos, uma taxa significativa e que acompanha o aumento na quantidade e na gravidade dos ataques sofridos por empresas brasileiras. Este cenário coloca o Brasil em posição de destaque na América Latina em termos de vulnerabilidade e custo de ciberataques.

Além disso, as infraestruturas críticas no país, como as redes de energia, saúde e comunicações, têm sido alvos constantes de ataques, reforçando a necessidade de aprimoramento nas práticas de segurança e de resiliência cibernética.

No caso de setores como o financeiro e o varejo, o impacto das violações de dados é ainda mais severo devido ao volume de informações confidenciais envolvidas. Essas indústrias não apenas sofrem com a perda financeira, mas também com a perda de confiança dos consumidores, que se mostram cada vez mais exigentes em relação à proteção de seus dados pessoais.

A LGPD aumenta essa pressão, ao impor multas significativas para as empresas que não tomam as devidas medidas de segurança. Consequentemente, os vazamentos de dados no Brasil não afetam apenas as finanças das empresas, mas também podem comprometer seriamente a sustentabilidade dos negócios.

O papel do fator humano

Uma das principais causas dos ataques cibernéticos ainda é o fator humano. De acordo com diversas análises, a maioria dos incidentes cibernéticos é desencadeada, direta ou indiretamente, por falhas humanas, como o uso de senhas fracas, cliques em links de phishing e configurações de sistema incorretas.

Esse cenário ressalta a vulnerabilidade dos sistemas de segurança digital que dependem da atenção e do conhecimento de seus usuários para prevenir ataques. É comum que cibercriminosos explorem essas fraquezas, empregando técnicas de engenharia social para manipular colaboradores e induzi-los a compartilhar informações sensíveis ou conceder acesso a sistemas corporativos.

Diante disso, torna-se fundamental que empresas de todos os setores invistam em treinamentos de conscientização sobre segurança cibernética para seus funcionários. A implementação de uma cultura organizacional voltada para a segurança digital é uma estratégia essencial para reduzir o risco de incidentes.

Isso inclui ações como campanhas internas de prevenção, treinamentos regulares sobre boas práticas de segurança, simulações de ataques (como exercícios de phishing) e a criação de políticas rigorosas de uso de dispositivos e dados corporativos. A combinação dessas práticas pode criar uma camada extra de proteção e ajudar a transformar o comportamento dos colaboradores, tornando-os uma linha de defesa contra as ameaças.


 

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